Valdeck Almeida de Jesus
O poeta da verdade!
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RENATA RIMET É ENTREVISTADA POR VALDECK ALMEIDA DE JESUS

Renata Rimet é natural de São Paulo, radicada em Salvador desde a adolescência. É Administradora de Empresas, licencianda em Letras, membro e atual vice-presidente da seccional Salvador da Confraria de Poetas e Artistas pela Paz (CAPPAZ), membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni (ALTO), integra o movimento Poetas Del Mundo, é Chanceler Cultural do Movimento “A Plêiade”. Participa de algumas coletâneas e antologias, compõe o Panorama Literário Brasileiro 2009/2010 da Câmara Brasileira de Jovens Escritores - CBJE, autora do livro “Um Pouquinho” pela VirtualBooks. Além de ser uma das organizadoras do Projeto Fala Escritor, Renata é, também, colaboradora dos projetos “Biblioteca em Movimento”, “Amantes do Conhecimento” e “Proler-Salvador”.  Publica em blogs e sites diversos e tem alguns de seus textos  veiculados através das rádios Raiz Online (Portugal), Web Rádio Sol (São Paulo) e CBN Salvador (programa Boa Prosa). Atualmente desenvolve, em seu site, www.renatarimet.com, a série de textos denominada “Sumários” e trabalha na produção de crônicas para seu próximo livro, sempre com muita tranquilidade.
 

VALDECK: Quando e onde nasceu?
RENATA RIMET: Nasci durante a final da copa do mundo de 1970, exatamente na hora do jogo, na capital de São Paulo, dentro do taxi, na porta da maternidade Santa Marcelina, tinha pressa de chegar a este mundo.

VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
RENATA RIMET: O Brasil é muito grande e, certamente, desejo conhecer ainda muitos lugares. Por enquanto minhas idas e vindas estão entre Salvador e inúmeras cidades do interior da Bahia, São Paulo, Brasília, Sergipe e uma esticada até Mônaco, Itália, Espanha, França, Portugal e Suíça.

VALDECK: Como você começou a escrever? Por que? Quando foi?
RENATA RIMET: Durante minha infância tinha muito tempo ocioso e, por ser tímida, nunca fui de muitos amigos e meus companheiros eram mesmo os livros; os didáticos em geral lia todos antes de começar as aulas e, depois, buscava outras opções no guarda roupa de meu irmão (lógico que sem o seu consentimento). O ato de ler aguça a imaginação e, assim, comecei a registrar alguns pensamentos, mas não considerava importante o que escrevia, eram pensamentos, coisas para questionar e o segredar era o melhor desabafo...

VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
RENATA RIMET:  Tenho primeiro um compromisso com a qualidade do trabalho que me proponho a realizar. Do leitor espero críticas, comentários e muita leitura.
O ponto importante é não perder a essência, manter as características, o estilo. Em geral o leitor que nos acompanha tem uma ideia do que pode surgir. Sou crítica do meu próprio trabalho, questiono diversas vezes antes de postar um texto, passo a limpo, recorro a um amigo que traduza suas impressões, leio, releio e sou capaz de guardar por semanas se julgar que falta alguma coisa; o meu objetivo é levar o leitor a refletir a respeito do tema, é falar uma linguagem  que aproxime leitor e leitura. Não acredito que exista explicação correta para um trabalho, o que existe são as leituras e releituras, as interpretações a partir do leitor que se apodera da mensagem e traduz para sua própria vida.    

VALDECK: O que mais gosta de escrever?
RENATA RIMET: Escrevo a respeito daquilo que me toca. Quando começo a rascunhar ainda não sei se o resultado será uma prosa, uma crônica ou uma poesia, apenas vou escrevendo... Uma ideia, uma música, uma notícia boa ou ruim, uma pessoa, as crianças na sala de aula, outras vezes a ausência delas, tudo é motivo para escrever, até a falta de inspiração é motivo para tal.

VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
RENATA RIMET: Meu ritual secreto será aqui revelado (risos). Tenho sempre caneta, lápis e papel à mão para registrar o que vem à mente; não gosto de dirigir, tenho certo pânico, mas quando estou num coletivo é normal a inspiração fluir e versos, crônicas e acrósticos surgirem. Em viagens mais longas também: nessas horas, não dirigir  é vantagem, e vou catalogando detalhes e produzindo. Pessoas conversam sobre suas vidas, às vezes comentam um livro, um capítulo da novela, e tudo vai se misturando; outras vezes é o silêncio e a paisagem na janela, feia ou bonita tem um charme regado a metáforas e um pouco de ironia. Assim nascem histórias de amor, encontros e desencontros, costumo deixar meus personagens, como diria Nelson Rodrigues, “no fio da navalha”.

VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
RENATA RIMET: Cada trabalho é um filho e tem lá sua importância, uns surpreendem mais que outros. Gosto daquilo que produzo e da força das palavras, não diria tratar-se de predileção, mas certamente tem muito de quem sou neste pequeno texto...

 
Biográfico
 
Sou agulha no palheiro
Sóbrio rodeado de ébrios
Louco em meio aos sãos
Faminto em meio aos saciados
Solitário infiltrado na multidão
Sou sem querer ser
Fui sem ter que pedir
Cheguei sem saber onde
Lá permaneci por muito tempo
Agora voo para a liberdade

 
VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
RENATA RIMET: Quanto mais verdade tento imprimir num trabalho, mais tempo levo para elaborar por completo. A ideia inicial é rápida, mas tenho mania de reescrever, cortar conectivos, deixar o texto claro e de fácil leitura... Tenho um amigo que vive pressionando quando está na expectativa da conclusão de um trabalho meu para publicar, mas lembrando agora Rubem Alves quando diz que a leitura deve ser prazerosa e sem cobranças, entendo que o mesmo se aplica ao ato da escrita, um complementa o outro, sem pressa, como uma brincadeira descompromissada, cheia de prazer.

VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
RENATA RIMET: Tem um texto que escrevi para meu pai, quando comecei, ele ainda estava entre nós e me faltavam palavras para descrever o amor que sempre nutri por ele. Depois ele partiu e, sempre que tentava retomar o trabalho, o sofrimento era demasiado grande. Levei cerca de dezessete anos para concluir o poema e tive o prazer de ouvi-lo narrado por Ewerton Matos. Sei que concluí o texto fazendo de conta que meu pai  estava aqui entre nós, mas foi a única forma de considerar o texto pronto. Ei-lo:

 
Para Meu Pai
(trecho)

Pai, pra quando eu quiser chorar, ter onde me recostar e ficar confiante
Aquele que diz siga em frente, nos explica que vivemos o presente
e diz que somos todos inocentes...

 
VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
RENATA RIMET: Sou Bacharel em Administração com ênfase em Recursos Humanos e devo concluir a Licenciatura em Letras em 2012. Pretendo me especializar em gramática e ortografia e ainda planejo um MBA em Gestão de Pessoas e, certamente, estarei envolvida cada vez mais no universo literário.


VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
RENATA RIMET: Cada fase tive o prazer de ser apresentada a escritores de toda parte do mundo. Na infância lia e assistia  Monteiro Lobato e, além de todos os textos dos livros da escola, conheci Ganymedes José e o gosto por aventuras; no início da adolescência, Harold Hobbins, Agatha Cristhie, Sidney Sheldon, Jorge Amado; no colegial, me apaixonei por Carlos Drummond de Andrade, compreendi o que era a poesia livre, as crônicas carregadas de ironia e sentidos variados e me orgulhava ao ter trabalhos comparados, ao menos  em  estilo, com os de Drummond, por meus professores. Hoje admiro diversos escritores de blogs, muitos ainda desconhecidos do grande público, mas que dominam a arte da escrita e falam da realidade, descrevem, na maioria das vezes, o cotidiano, em diversas partes do nosso país. Posso citar Eduardo Lara Resende (MG), Carlos Conrado (SE), Leandro de Assis (BA), e o próprio Valdeck Almeida de Jesus, este um cidadão do mundo, grande responsável pela saída dos meus trabalhos das gavetas, finalmente. Alguém precisava me dizer o que fazer, ele me ensinou que eu sabia o que fazer, só precisava mostrar ao público.

VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
RENATA RIMET: Para escrever bem é preciso ler, ler muito, além de observar o que acontece à sua volta e estar aberto às críticas, sem medo de ser feliz.


VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, não gostaria de usar um pseudônimo?
RENATA RIMET: Uso meu próprio nome, gosto de ser reconhecida pelo meu trabalho, assino um texto com a certeza de que serei criticada, ignorada ou, quem sabe, elogiada; um pseudônimo seria para mim um personagem e teria de tratar na  terceira pessoa, gosto de ser eu mesma, na primeira pessoa...
 
VALDECK: Como foi a tua infância?
RENATA RIMET: Minha infância foi muito simples, o mundo era o quintal de casa, onde meus pais criavam galinhas, patos e plantavam flores e hortaliças... O universo girava em torno das obrigações escolares e séries de TV. Morávamos em São Paulo, capital, e nossos parentes eram da Bahia, indo nos visitar vez ou outra. A viagem mais longa que fazíamos era para Santos e, muitas vezes, visitávamos o Parque do Carmo e o Horto Florestal, era quando nos sentíamos verdadeiramente  livres, eu e meus irmãos... O mais era mergulhar nos livros e sonhar com o mundo além das fronteiras da imaginação... 
 
VALDECK: Você casada, tem filhos, trabalha fora. Como administra o tempo e como concilia a criação literária, participação em eventos e a família?
RENATA RIMET: Tento manter o equilíbrio (se é que isto é possível) precisamos trabalhar, mas a diversão é essencial para nosso bem estar físico, mental e social; a família (marido e filhas) e amigos precisam de atenção, tento envolver todos no trabalho artístico, me esforço para que estejam participando comigo no Projeto Fala Escritor, que sintam-se à vontade no lançamento de um livro e nas viagens (mesmo que envolva trabalho). Às vezes precisamos estar longe para alcançar um objetivo e uma família precisa de realizações pessoais e coletivas para se fortalecer. No mais, todas as manifestações culturais e afetivas colaboram para a interpretação do universo do qual fazemos parte e refletem, de forma positiva, naquilo que produzimos.

São mais de vinte anos de convivência de um casamento que começou através da poesia. Gosto de escrever para meu marido e tenho nele um cúmplice e patrocinador... As meninas vão crescendo, integrando-se cada vez mais nesse contexto e nos fortalecendo...

VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
RENATA RIMET: Dizem que a primeira vez é inesquecível, e com esta pergunta lembrei-me do texto “Casa Velha”, que retrata o dia da mudança, quando fechamos a última caixa e nos mudamos da casa onde morei até os quatorze anos. Escrevi este trabalho especificamente para concorrer a um prêmio e fui classificada em 2008, sendo o texto publicado no livro “Casa Lembrada, Casa Perdida”. O prazer de ter um trabalho reconhecido e publicado é indescritível, e o desejo de continuar produzindo aumenta de forma absurda. Aqui está o texto:
 
Casa Velha
"A descrição romântica de uma mudança, a partir do ponto de vista de uma criança, que segura pelas mãos de sua mãe, observa os últimos detalhes e se despede... deixando no ar, apenas um aroma de saudade”...
 
Casa Velha
Naquela casa cresci
Alegrias senti
E quanta saudade
Ao partir
 
Caixas arrumadas
Gavetas vazias
Um clima estranho
A nostalgia
 
Uma última olhada
No quarto contemplo o taco
A sala de jantar
Agora é tamanha
Falta a grande mesa
O tilintar da louça
O aroma
 
Sentimento de tristeza
O vazio
Um arrepio
Muitas lembranças
 
A voz que chama
É chegada a hora
Trancar de vez a última porta
 
Seguir em frente
De relance um jardim
Agora tão triste
Faltam-lhe flores
Pétalas e cores
 
Sobram-lhe lágrimas
Revela-se o silêncio
Em cada passo
Lembro-me da casa
A sala, o quarto, o jardim
 
Da rosa ao jasmim
Uma vida feliz
 
XXV Concurso Internacional Literário – Edições AG - All Print, 2008.


VALDECK: Você tem outras atividades, além de escritora. Fale um pouco disso.
RENATA RIMET: Sou educadora, estudante de letras, organizadora do projeto Fala Escritor, estou retomando os trabalhos na área da Administração, realizo oficinas de literatura a convite de diversas escolas, sou mãe, esposa e amiga dos meus amigos, tento encaixar tudo nas vinte e quatro horas de cada dia. Ser escritor no Brasil é se dispor a ter jornada dupla, tripla. Escrever não é profissão, é considerado hobby e, diga-se de passagem, um hobby muito caro, precisamos trabalhar e duro para sustentá-lo. Cada livro publicado é  investimento próprio e sem nenhuma garantia de retorno, portanto, é necessário trabalhar - e muito - para realizar pequenos sonhos.

VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
RENATA RIMET: Minha preocupação maior é registrar o momento que vivemos, as impressões, transformações e tudo que nos toca e provoca uma maior reflexão;  A cada década as  transformações são gigantescas, muda-se atitudes, conceitos e convenções. No futuro distante, quando os dados estatísticos relatarem os índices da nossa sociedade, a literatura será mais uma vez, fundamental para a  interpretação dos fatos...

VALDECK: Qual sua Religião?
RENATA RIMET: Fui criada no catolicismo, respeito e convivo com pessoas de crenças variadas, acredito que religião é fazer o bem sem olhar a quem...
 
VALDECK: Quais seus planos como escritora?
RENATA RIMET: Planos sempre temos muitos, no universo dos escritos planejo organizar meus trabalhos, concluir a série de textos “Fragmentos de Um Diário Roubado”, editar o livro de crônicas de futebol e lançar um livro de poesias na praça do poeta Vinicius de Moraes, aqui em Salvador. 
Não  existem respostas prontas, se cada cabeça é uma sentença faz-se necessária a discussão para chegar a um denominador comum. Escrevo o que sinto, às vezes com mais intensidade, outras menos, escrevo o que vejo e ouço, critico, mas também gosto de enaltecer; Entendo o ato de escrever como um momento que não se deve deixar passar, aprendi lendo Drummond que não se deve perder a poesia que bate na porta do pensamento, se ela bater deixe-a entrar, registre ou vai perdê-la para sempre.
Vou começar a catalogar meus trabalhos, organizar crônicas, poesias, prosa e acrósticos, agora não saberia dizer ao certo, mas creio que tenho muita mais poesia. 

(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 25/12/2011
Alterado em 25/12/2011
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