Valdeck Almeida de Jesus
O poeta da verdade!
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30 anos de Poesia de Valdeck Almeida de Jesus

* Por Andréia Donadon


30 páginas, 30 poemas, 30 anos de poesia compactadas em versos ora líricos, ora livres, ora rimáticos, ora Valdeck de Jesus mesmo.

O que representa trinta anos de poesia na vida de um autor? O início ou o meio do caminho... Como versou Carlos Drummond de Andrade, "...no meio do caminho tinha uma pedra..." No meio do caminho tinha um obstáculo que alguns encontram ao longo do percurso, como há de ser em qualquer etapa ou estágio da vida. A pedra dantesca a que Drummond se referia, ainda incógnita, hoje tem inúmeros sentidos, análises e leituras semióticas. Afinal, a pedra drumondiana refere-se ao início ou ao meio do percurso? É isto, caros leitores, que o escritor nordestino, "o poeta das flores", ou das rosas, ou da confusão, da alegria-tristeza, do amor-ódio, da vida-morte, poeta (3ª pessoa do presente do indicativo do verbo fictício 'poetar') num divino e pungente paradoxo, em tom lírico que marca etapas difusas, corriqueiras, discrepantes e emblemáticas da vida. Esta 3ª pessoa que escreve faz com que o poeta seja sempre uma 3ª pessoa que vive além do ser empírico. Cenas tacanhas, imagens naturais, esboços de cenário urbano, sentimento e a própria dor do preconceito em páginas sintetizadas ao longo do livro.

Num tom pessoal e íntimo, a poesia de Valdeck inicia o correr das páginas ou o início do caminho no ano de 1978, destacando o fim, o sofrimento da morte: "... De nada adianta fugir/ pois o tempo me ultrapassa/ neste relógio de areia. Estou sumindo muito rápido/ morrendo e andando vivo/ sigo fingindo não sofrer"; passando por recantos e recortes do tempo pelo medo, pelo nascimento e dor do amor para atingir talvez o ápice no ano de 2008, a luz de suas raízes, seu nascimento e o amor incondicional pela terra. Retrata literariamente a condição efêmera do ser na pele de um nordestino autêntico e de personalidade marcante, que sabe muito bem quem é, de onde veio e para onde vai: "... Talvez eu esteja atrasado/ por ouvir música caipira/ por gostar de sertanejo/ por vestir minhas raízes/ Não importa, sei quem sou/ de onde vim, pra onde vou/ filho de um povo sofrido e honesto/ embora cansado de guerra/ persisto na fé e dane-se o resto".

O que é a poesia, se não voz da alma latejando o corpo? Transmutação e levitação do sentimento em um corpo que psicografa a alma.

Enfim, para não dizer, no meio, mediano ou metade, trinta anos de poesia é o início ou o meio do caminho? Num cenário valdeckiano, deixo de bandeja a construção de hipóteses ou sentidos para os leitores em 30 anos de poesia de Valdeck Almeida de Jesus.


Andreia Donadon Leal - Formada em Letras pela UFOP - Bacharel em Estudos Literários e Pós-graduanda em Artes Visuais - Cultura & Criação, é poeta, contista e artista plástica.
Contato: deialeal@jornalaldrava.com.br
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 02/02/2009
Alterado em 02/02/2009
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