Na Bahia ou em Roraima, Brasil celebra Dia Nacional da Poesia
Um poema e uma flor. Toda vez que Wagner Américo Silva declama uma poesia, seus ouvintes são agraciados com estes dois presentes.
O poeta tomou para si o trabalho de confeccionar e numerar flores - sempre ofertadas, nunca vendidas. Hoje, com 84 anos, Wagner aproxima-se do incrível número de 10 mil flores presenteadas.
Conhecido, por merecimento, como o Poeta das Flores, Wagner Américo Silva recebe uma homenagem esta tarde, no Dia nacional da Poesia.
Trata-se da coletânea “Voo das Flores”, a ser lançada às 14h desta sábado, na Praça da Piedade, na zona central da capital baiana.
A coletânea, cuja autoria é majoritariamente de Wagner Américo Silva, tem como convidados os poetas e poetisas, Josué Ramiro, Clara Maciel, Dalva Nascimento, Nilson Mendes, Deraldo Lima, Márcia Santos, Domingos Sávio, Geraldo Maia e Bob Baiano.
Editada pela Edições MOCPOP (Movimento de Ocupação Cultural de Poetas e Poetisas da Bahia), a coletânea é acompanhada no lançamento pelo livro “O Sorriso Mal Vestido”, escrito numa parceria entre o poeta, compositor e produtor cultural, Jorge Rocha Ribeiro (Bob Baiano) e o poeta Geraldo Maia, co-fundador do Movimento Poetas na Praça.
Também conhecida Praça Nacional da Poesia, a Praça da Piedade tem essa alcunha justamente por ser a “casa” dos Poetas na Praça, que este ano comemora os 30 anos de fundação.
Para a mesma praça, o movimento marcou uma extensa programação de atividades para o Dia Nacional da Poesia, com recitais, lançamento de coletâneas e até shows.
Perguntei ao poeta Pedro Cezar, presidente do Movimento, se haveria algum problema por conta das duas programações conflitantes.
- Quem está dizendo que são conflitantes é você. A gente se acerta lá na hora. Não tem problema algum, é tudo para celebrar a poesia - afirma.
O Dia Nacional da Poesia coincide propositalmente com a comemoração do nascimento do escritor baiano Castro Alves (1847-1871), um dos principais poetas do Romantismo.
O “poeta dos escravos” morreu com apenas 24 anos e deixou como legado uma extraordinária obra e ideais cativantes, sendo o principal deles o abolicionismo. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão “Espumas Flutuantes” e “Navio Negreiro”.
Em Roraima, uma celebração interativa
No outro extremo do país, a Praça das Águas, na área Central de Boa Vista, é o local escolhido pelo Coletivo Arteliteratura Caimbé (conhecça aqui e aqui) para celebrar a poesia.
A partir das 19h30, a praça mais movimentada da cidade ganha um extenso varal, onde as cinco mil pessoas que transitam por ali à noite podem escrever poesias e expor suas poesias.
- Temos papel, caneta, hidrocor, todo o material necessário para quem quiser escrever e expor suas poesias. Se prefirirem, podem até levar impressa de casa. O importante é levar a arte para a casa - diz Edgar Borges, um dos membros do coletivo.
A interatividade é mesmo a marca da comemoração na capital de Roraima. Um microfone será aberto para o público declamar seus versos, sejam eles de autoria própria ou de poetas consagrados. É claro que já tem gente escrita para declamar Castro Alves.
Além disso, as pessoas podem brincar com os “cubos poéticos”, caixa cujas laterais variam de 30 cm a 1,7 m, onde serão escritos poemas de autores diversos.
- O público não vai apenas ler textos, mas, literalmente, “tocar as palavras” - enfatiza Borges.
Como não poderia deixar de ser haverá cubos “limpos” para que os participantes preencham com seus próprios poemas.
Quem autorizar a divulgação de suas obras poderá vê-las incluídas num trabalho de videopoesia que o Arteliteratura Caimbé vai preparar em breve. “Ainda não temos data, mas vai ser feito”.
Os autores podem experimentar uma prévia do trabalho que será feito a partir de suas obras ali mesmo, na Praça das Águas: num telão, poesias visuais estarão sendo exibidas durante todo o evento.
A programação do Dia Nacional da Poesia é complementada pela participação da banda de rock Iekuana e de outra banda, formada por amigos dos membros do coletivo.
Formado pelos jornalistas Edgar Borges e Luiz Valério, pela gestora cultural Zanny Adairalba e pelo fotógrafo e artista plástico Tana Halu, o Coletivo Arteliteratura Caimbé existe há apenas um mês. Vamos torcer que tenha uma vida longa.