Valdeck Almeida de Jesus
O poeta da verdade!
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Dia do Amigo
Aproveito esta data, 20 de julho, para recomendar um texto de Artur da Tavola, "Os diferentes".

Amigo é aquela pessoa que suporta você nos momentos de alegria e de tristeza, e que diz, na sua cara, se você está agindo bem ou se pisou na bola. Amigo não engana, não enrola...

Por falar em amizade e em diferença, aproveito, também, para divulgar o site http://www.serdiferenteenormal.org.br - quem puder se cadastre e recomendo aos amigos, aos VERDADEIROS amigos...


TEXTO:

OS DIFERENTES
Artur da Tavola
Diferente não é quem pretenda ser. Este é um imitador do que ainda não foi imitado, nunca um ser diferente.
Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errados. Para os outros. Que riem de inveja de não serem assim. E de medo de não agüentarem, caso um dia venham a ser. O diferente é um ser sempre mais próximo da perfeição.
O diferente nunca é um chato. Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e avisadas. Suponho encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias adiadas; esperanças mortas. UM diferente medroso, este sim acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou.
Os diferentes, muito inteligentes percebem por que os outros não os entendem. Os diferentes raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo inteiro. Diferente que se preza entende o porquê de quem o agride. Se o diferente se mediocrizar mergulhará no complexo de inferioridade.
O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer – alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores. O diferente agüenta no lombo a ira do irremediavelmente igual; a inveja do comum; o ódio do mediano. O verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão mas que sempre está certo.
O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais de mãos dadas, e até mesmo alguns professores por omissão (principalmente os mais grossos), se unem para transformar o que é peculiaridade e potencial em aleijão e caricatura. O que é percepção aguçada em "– puxa, fulano, como você é complicado". O que é o embrião de um estilo próprio em
"– Você não está vendo como todo mundo faz?"
O diferente carrega desde cedo apelidos e marcações nos quais acaba transformando-se. Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram (e se transformam) nos seus grandes modificadores.
Diferente é o que vê mais longe do que o consenso. O que sente antes mesmo dos demais começaram a perceber. Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno agridem e gargalham.
Diferente é que engorda mais um pouco; chora onde outros xingam; estuda onde outros burram. Quer onde outros cansam. Espera de onde já não vem. Sonha entre realistas. Concretiza entre sonhadores. Fala de leite em reunião de bêbados. Cria onde o hábito rotiniza. Sofre onde os outros ganham.
Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera. Aceita empregos que ninguém supõe. Perde horas em coisas que só ele sabe importantes. Engorda onde não deve. Diz sempre na hora de calar. Cala nas horas erradas. Não desiste de lutar pela Harmonia. Fala de amor no meio da guerra. Deixa o adversário fazer o gol porque gosta mais de jogar que de ganhar.
Diferente é o que aprendeu a superar o riso, o deboche, o escárnio e a consciência dolosa de que a média é má porque igual. Os diferentes aí estão: enfermos; paralíticos; machucados; engordados; magros demais; bonitos demais; inteligentes em excesso; bons demais para aquele cargo; excepcionais; narigudos; barrigudos; joelhudos; de pé grande; feios; de roupas erradas; cheios de espinhas; de mumunha; de malícia e de baba. Os diferentes aí estão, doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.
A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são capazes.
Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois.



Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 20/07/2009
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