Valdeck Almeida de Jesus
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Jean Wyllys roda a baiana

“Não pertenço ao BBB5. Sou um escritor com dois livros já publicados e um jornalista com dez anos de carreira”.

por Agustín Carvalho (BR Press) para o MundoMais

Jean Wyllys foi lá e venceu. Ganhou R$ 1 milhão no Big Brother Brasil 5 (BBB5) e ficou famoso por assumir sua homossexualidade no reality show. O que ele fez com o dinheiro? Certamente aproveitou, entre outras coisas, para se dedicar a escrever – além de administrar uma grife, em Salvador. Tanto que ele lança seu terceiro livro, Tudo ao Mesmo Tempo Agora. São crônicas inspiradas em produtos, fatos e personalidades da indústria cultural e nos modos de vida gay.

Jornalista formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Jean Wyllys, é direto. “Não ofereço novidade em termos de literatura”, admite. Além de lecionar Teoria da Comunicação na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), no Rio de Janeiro, Jean trabalha com direção musical, uma de suas paixões, e já escreve seu quarto livro.

Quando o tema é Big Brother Brasil, prefere não comentar e, se o repórter insiste, ele roda a baiana. “Para início de conversa, vamos deixar de lado essa história de BBB. Não pertenço ao BBB5. Sou um escritor com dois livros já publicados e um jornalista com dez anos de carreira. Minha participação em um reality show não pode rasurar minha formação e história”, comenta.

Antes de Tudo ao Mesmo Tempo Agora, que será distribuído nacionalmente pelas livrarias Saraiva e Siciliano, e estará disponível para venda nas lojas a partir de 01/03, Jean Wyllys escreveu, em 2001, Aflitos (vencedor do Prêmio Copene de Cultura e Arte, concedido pela Fundação Casa de Jorge Amado) e Ainda Lembro, em 2005. Em entrevista ao MundoMais, Jean Wyllys fala sobre seu novo livro, indústria do entretenimento, militância em favor do universo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), militância gay e de suas atividades profissionais.


MundoMais – O que o levou a escrever um livro sobre esse tema?
Jean Wyllys – Tudo ao Mesmo Tempo Agora reúne crônicas inspiradas em produtos, fatos e personalidades da indústria cultural (literatura, cinema, TV, etc.) e nos modos de vida gay. As crônicas tratam de assuntos diversos e foram escritas em momentos diferentes. Elas são marcadas pelo tempo, mas sobreviveram a ele porque continuam fazendo sentido fora de seus contextos originais. Além disso, as crônicas têm algo em comum – o que me permitiu reuni-las num mesmo livro: a tomada de partido ou posicionamento político em favor dos direitos de minorias, em especial da comunidade LGBT.

MM – Você critica a indústria do entretenimento e a forma como a cultura gay é vista. Não acha que seu livro também faz parte desse tipo de cultura? Por quê?
JW – Criticar a indústria do entretenimento não significa ser contra ela nem querer estar fora dela. O meu livro faz parte da indústria cultural, mas o de Paulo Coelho, o de Nélida Piñon, as caixas com as obras completas de Clarice Lispector, os de Jorge Amado e os livros de auto-ajuda para executivos vendidos em aeroportos também. A crítica à indústria cultural é salutar para o bom funcionamento da mesma. Oxalá mais pessoas fizessem isso!

MM – O tema homossexualidade sempre esteve presente na vida do ser humano, mas menos evidente do que hoje. Você pensa que o programa BBB5, no qual você falou de sua opção sexual, e conseguiu ganhar o reality show, ajudou a quebrar alguns estereótipos?
JW – A militância lutou muito para encontrar uma palavra que livrasse o sexo e o amor entre iguais dos significados que tem o termo ”homossexualismo”: doença, perversão, pecado. Acho que a visibilidade alcançada por um homossexual não estereotipado, inteligente, honesto e com uma origem parecida com a da maioria do povo brasileiro em um reality show de grande audiência ajudou, sem dúvida, a derrubar preconceitos em relação aos homossexuais.

MM – Além de ser escritor e jornalista, você também tem a música como uma de suas paixões. Que trabalho realiza no meio musical?
JW – Eu dirijo shows e videoclipes, algo que também está dentro da formação e das funções de um comunicador. Além disso, eu adoro música. Conheço bastante MPB. Compro muitos discos. Assisto a muitos shows. Logo, tenho repertório cultural e sensibilidade para me envolver na direção de um videoclipe ou de um show. Mas faço isso porque eu gosto e me dá prazer. Fiz para pessoas que admiro como artistas e são minhas amigas. Não quero ser ”o diretor”.

MM – Qual a importância do livro Tudo ao Mesmo Tempo Agora para a comunidade LGBT e para os leitores, independente de suas orientações sexuais?
JW – Posso dizer que o livro é importante para mim porque representa um desejo de comunicação com o outro, esforço de politização da existência, uma contribuição para um mundo melhor para todas as pessoas ou, no mínimo, para alguns momentos de prazer com a leitura.

MM – O que o leitor vai encontrar de novidade em seu livro Tudo ao Mesmo Tempo Agora?
JW – Meu livro não quer nem vai dividir águas. É só um livro de crônicas que expressam meu ponto de vista acerca de uma série de assuntos, em especial aqueles ligados aos modos de vida gay e sua relação com fatos, pessoas e produtos da indústria cultural.

MM – Entre escrever um livro, dar aulas na universidade, trabalhar com música ou na televisão, qual sua atividade preferida? Por quê?
JW – Escrever Tudo ao Mesmo Tempo Agora.

MM – O que é preciso mudar na indústria cultural e do entretenimento para que estas cumpram seu papel social e de interesse público?
JW – Essa pergunta dá uma tese. Não tenho como dar uma resposta completa e profunda neste espaço. Agora, digo que indústria do entretenimento precisa se abrir para a diversidade e o risco. A teledramaturgia da TV aberta, por exemplo, precisa de mais Luiz Fernando Carvalho. E o humor precisa de mais humoristas, comediantes e jornalistas como os do CQC [Custe O Que Custar].

MM – Com o surgimento da internet e a convergência das mídias é mais fácil transmitir determinadas militâncias, como você faz no seu terceiro livro?
JW – Sim. Com as mídias alternativas é possível militar e relativizar certas verdades.

MM – Culturalmente, o que mudou em sua percepção depois que você participou do BBB5 e trabalhou no Mais Você, quando o tema é televisão?
JW – A participação no BBB5 e no Mais Você não mudaram minha percepção sobre a TV como meio de comunicação de massa. Ela é um meio de comunicação e, como tal, produz imaginários, mentalidades, visões de mundo. Ela deve ser levada a sério. O entretenimento que a TV oferece às massas não pode ser esnobado pelas elites, principalmente por aquela que trabalha e ganha muito dinheiro nesse meio de comunicação. Essa percepção é anterior ao meu ingresso na TV e ela só me ajudou a ser mais responsável e consequente quando participei do BBB e trabalhei no Mais Você.

MM – Sobre o universo gay, o que é preciso fazer para acabar com alguns preconceitos? Tudo ao Mesmo Tempo Agora pode ser considerado um livro didático sobre o tema?
JW – Não, meu livro está longe de ser didático. Não sei o que é preciso fazer para acabar com os preconceitos em relação aos gays. Sei o que eu preciso fazer nesse sentido.

MM – Quais são seus projetos profissionais?
JW – Não tenho projetos. Tenho trabalhos: outro livro para terminar, muitas aulas para dar e muitas crônicas para escrever.

Fonte:
Mundo Mais

Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 31/07/2009
Alterado em 01/08/2009
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