(homenagem a Genival Lacerda)
O nordestino sofre
O nordestino chora
Passa necessidade
Não se aguenta e vai embora
Vai para São Paulo
Ou se muda para o Rio
Vai cantar na praça
Vai vender bacio
Pra ganhar a vida
Que tanto lhe humilha
Que lhe pisa e cospe
A querer mostrar
Que o nosso irmão
De sangue e raça
É só um paspalhão.
Mas tudo é inútil
Pra lhe derrubar
Ele vinga e cresce
Aprende a falar
A falar a língua
Do povo de lá.
Vira cantor famoso
Vira ídolo gostoso
Vira capa de jornal
Tem a foto na Playboy
É aclamado herói
Ganha um grande palco
E calorosos aplausos,
Humilham-se diante dele
Pedindo-lhe autógrafo, atenção
E um aperto de mão...
(23 de junho de 1989).