Brasil, um país de escritoresSe amargamos uma posição indesejável na galeria de maus leitores no contexto internacional, atingidos por mazelas de toda sorte e infortúnios na área da Educação, não poderíamos esperar uma resultante tão adversa como essa que se tem observado no país. Pelas páginas de blogs, sites especializados, editoras que se abrem à virtualidade o que se observa é um novo fenômeno que contraria essa tendência. É, na realidade, um verdadeiro paradoxo. Se por um lado, vemos a resistência de jovens a ingressar no universo da leitura, por outro vemos a formação contínua de escritores que se editam e mostram uma grande riqueza cultural que seguia anônima pelas veredas da exclusão editorial.
É um momento único, como o inverno no agreste, trazendo chuva e fazendo brotar uma densa relva verde. Sem a tecitura dos grandes arvoredos ou com a imponência de um carvalho, mas numa cultura de resistência e força que ganha espaço em ações coletivas, produções temáticas em comunidades e redes sociais.
Diante da falta de oportunidades, um caminho associativo: a produção de antologias. Nesse caminho iniciaram grandes nomes da nossa literatura. A produção independente alcança, assim, cada vez mais espaço, pois atende uma demanda cada vez maior. Gente talentosa que aos poucos vem ocupando espaço na mídia virtual e fora dela também.
Nomes como Valdeck Almeida de Jesus, Edson Rossato, Soninha Porto, Clevane Pessoa e tantos mais são, além de exímios na arte de escrever, verdadeiros promotores da inclusão de escritores nas vias literárias. Se houvesse, além de estímulo a produção independente, o fomento de políticas públicas para a manutenção desses gestores de cultura subsidiados, alcançaríamos um feito histórico. Poderíamos ser no futuro, certamente, um país de leitores, além de confirmarmos, ao menos, ser um país de escritores.
Fonte:
Nova Coletânea