Natural de São Paulo, capital, o jovem escritor tem 26 anos. Iniciou a carreira acadêmica em Comunicação Social – Jornalismo (Mackenzie), morou no Rio de Janeiro, estudou teatro com o grupo Nós do Morro, trabalhou durante um período como ator. Mudou-se para Salvador, onde escreveu o primeiro livro (independente) de poesias. Foi morar em Minas Gerais, descobriu os concursos nacionais de literatura, passou a participar de concursos pelo país. Em 2008 esteve entre os 10 melhores poetas do concurso Valdeck Almeida de Jesus – Salvador, com abrangência nacional e participou da publicação do livro antologia poética. Já vendeu poemas em porta de teatro para pagar os estudos e aluguel. Sua relação com a escrita é devido a forma em que escolheu viver, observações pessoais e leituras, muitas leituras. Desde o falecimento da mãe, em 1999, decidiu descobrir o mundo, e se descobrir. Depois de sair do colégio interno religioso, resolveu exprimir no papel a imaginação aliada ao que vivencia. São os dois ingredientes que lhe ajudam a acreditar que é capaz!
VALDECK: Quando e onde nasceu?
Robson Brito: Nasci na capital Paulista. Foi em uma noite de lua cheia, no dia 23 de Abril. Como dizia minha mãe, eu vim ao mundo muito fácil, chegou ao hospital e me deu a luz sem muito romance.
VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
Robson Brito: Sim, só não conheço Amazonas, Acre e Maranhão. Já fui a todos os países que fazem divisa com o nosso território.
VALDECK: Como você começou a escrever? Por que? Quando foi?
Robson Brito: Comecei a escrever como forma de agradecimento. Minhas primeiras palavras foram um poema à minha mãe. Eu tinha por volta dos sete anos de idade. Como aprendi a ler em casa, sempre contei com o apoio da família para expressar em palavras o que sinto.
VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
Robson Brito: Como sou uma pessoa de essência eclética, gosto da mistura. Sempre que escrevo me baseio na realidade, mas como a realidade nem sempre é doce, recheio com a ficção. Porém sempre estou inserido na obra. Gosto muito de escrever daquilo que me dói, aquilo que me machuca e que agride as pessoas. Meu maior desafio toda vez que me proponho a um novo projeto é trazer de uma maneira suave daquilo que maltrata, para mostrar que nem tudo é duro e difícil. O poema está em mim, foi assim que descobri a paixão pela escrita, sempre estou escrevendo um poema. Faço uma coleção dos meus poemas. Eles são como um diário. Sempre tem um para cada fase da minha vida. Mas depois do primeiro romance (Maças Mofadas), descobri que a tarefa de escrever está impregnada em mim, na forma de contar o que vejo e o que sinto em história. Minhas escolhas de temas são variadas, mas em sua maioria, são sobre coisas que aflijam ou atormentam a sociedade.
VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
Robson Brito: Meu primeiro pensamento com o leitor quando me proponho a escrever é atraí-lo para mim, e fazê-lo pensar. Não pensar necessariamente da forma em que estou expondo na obra, mas refletir sobre o tema que escolhi.
VALDECK: O que o leva a escrever?
Robson Brito: A satisfação. Sinto-me muito mais eu quando escrevo. Como se minha realidade ficasse mais suave e mais doce quando exprimo no papel. E quando estou fora, não estou escrevendo, consigo ser mais consciente da minha realidade.
VALDECK: O que mais gosta de escrever?
Robson Brito: Contos, sobre pessoas reais com um toque do meu imaginário, eles brotam com facilidade.
VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
Robson Brito: Procuro sempre trazer uma inspiração na realidade. Primeiro me esforço a observar o que acontece. O que vou escrever, isto inclui a pesquisa do tema. Depois de estar embriagado da realidade, aí eu viajo sem limites para fantasiar a realidade crua. Sempre que escrevo, tenho de escovar os dentes e lavar as mãos. Já me perguntei, por que isso? E não encontrei resposta. Hora para escrever tem de ser planejada, mas não tenho um lugar específico, desde que esteja limpo. A ideia é que surge a qualquer hora sem aviso prévio, e se faz necessário botar no papel aquele sentimento momentâneo para depois o desenvolver.
VALDECK: Qual sua obra predileta? Você lembra um trecho?
Robson Brito: O dia do coringa de Jostein Gaarden. "Você já pensou que num baralho existem muitas cartas de copas e de ouros, outras tantas de espadas e de paus, mas que existe apenas um curinga?"
VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
Robson Brito: Gosto de escrevê-los em uma sequência de dias próximos. Não sou muito de limpar. Claro, faço a revisão, para ver se a gramática, a linguística esta correta. Mas em relação à história em si e o tema, não limpo procurando tirar ou acrescentar algo que vá agradar ou desagradar o leitor. Faço, expondo o que eu acredito que aquela história deve contar. Com isso termino rápido. A história fica toda traçada na mente, o que me empolga, e busco impregnar a página com aquele sentimento primário.
VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
Robson Brito: A que estou escrevendo agora. Tive de fazer muita pesquisa, e estou na reta final. Tenho de vez em quando que retornar à Bíblia para rever um livro ou um capítulo daquilo que li. Estou escrevendo um livro sobre os anjos decaídos. Que foram expulsos do céu. Como tive uma educação em colégio protestante (Colégio Adventista), o tema religião e Deus me atraem.
VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
Robson Brito: Sou formado em Jornalismo, irei iniciar minha pós em literatura.
VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
Robson Brito: Não consigo saber como será a partir de agora que nunca mais lerei um novo livro de Saramago. Ele é o meu maior escritor. Gosto muito de Jostein Gaarder autor de “O mundo de Sofia” tenho uma coleção dele. Muita simpatia nutro pelo André Vianco, acredito que ele aproximou o jovem brasileiro de hoje com a nova linha de literatura, mais pautada nos dias atuais. Tenho nos meus inscritos um pouquinho de cada.
VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
Robson Brito: Ler muito.
VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, não gostaria de usar um pseudônimo?
Robson Brito: Amo muito meu nome, Robson Brito, não é forte? Ele me representa.
VALDECK: Como foi a tua infância?
Robson Brito: Difícil. Depois do falecimento de minha mãe, estudei no colégio interno religioso (Adventista). Tive de crescer na marra. Tenho muitos traumas que os curo, expondo no papel.
VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
Robson Brito: Faço as duas coisas. Como gosto de correr, tento fazer tudo na medida.
VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
Robson Brito: Sim. Um poema. “Cortesão Homossexual” foi o meu primeiro trabalho exposto à grande escala. Foi no concurso Valdeck Almeida de 2008. Por ele ser forte, homossexual e revelar a verdade, acreditei que não seria escolhido. E fiquei muito orgulhoso pela sua publicação em uma antologia poética.
VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritor?
Robson Brito: Sim, trabalho em um escritório de consultoria.
VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
Robson Brito: Sim. A mensagem varia do tema que estou escrevendo. Mas tento sempre falar sobre o tema homossexual e religião. Os dois precisam que sejam expostos para um diálogo e uma aceitação mútua.
VALDECK: Qual sua Religião?
Robson Brito: Não a possuo. Acredito em algo muito maior que eu. Mas não sigo nenhum dogma. Faço esforço para ser uma pessoas boa. E Deus. Acredito que ele não fez tudo!
VALDECK: Quais seus planos como escritor?
Robson Brito: Escrever e ser lido.
(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e estudante de jornalismo, 8º semestre, da Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com