Em momentos de angústia
Sentia paz em teu amor
No amor que me dava vida
E me deixava com calor.
Você foi como uma flor
Que antes mesmo de nascer
Veio o sol, a seca, a morte
E te fez desaparecer.
Me matou e me ensinou
Que a vida é cruel
De mel ela não tem nada
Ela amarga como fel.
Em contraste com a vida
O jiló tem mais doçura
Em metáfora com o Saara
O amor tem mais secura.
As lágrimas são sem motivo
Quando rolam pelo amor
O sofrer não tem nem lógica
Se é por alguém de vil valor.
A paz é uma grande mentira
A guerra é uma grande ilusão
Todos têm intimidade
Com loucura e razão.
Pouco caso você fez
Do meu grande sofrimento
Não gostei do que senti
Pois foi um grande tormento.
De você não esperava
Tamanha decepção
Vejo agora que você
Não vale nem um tostão.
Grande besta que eu fui
Em gostar de uma pessoa
Estava cego e agora vejo
Que você é uma à toa.
Como eu fui idiota
Em querer te conquistar
Pensando que você fosse
Uma grande super star.
Você não teve a culpa
Pelo otário que eu quis ser
O idiota aqui fui eu
Em querer te merecer.
Vejo agora que fui cego
Quando olhava para ti
Vendo só as qualidades
Os defeitos eu escondi.
Você agora é um nada
E já é inexistente
E quando eu te esquecer
Ficarei muito contente.
E mesmo com esse ódio
Continuo aqui regando
A plantinha do amor
Que por ti tô cultivando.
(03 de julho de 1986).