Jorge Amado é homenageado pelo PROLER de Salvador

Jorge Amado é homenageado pelo Comitê ProLer Salvador na Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, em Salvador

O PROLER – Programa Nacional de Incentivo à Leitura – é um projeto de valorização social da leitura e da escrita vinculado à Fundação Biblioteca Nacional e ao MINC – Ministério da Cultura.

Esta edição faz parte da Programação Oficial do Centenário de Jorge Amado (SECULT-BA), com um programa intenso e diversificado em torno da temática LEITURAS E RELEITURAS DO AMADO JORGE, e teve como objetivo aprofundar e contextualizar de forma interativa e socializada a produção literária e a vida de um dos nossos maiores escritores. A décima edição do Encontro do PROLER Salvador coincide com o décimo ano da morte de Jorge Amado, que vive na memória dos brasileiros.

Na abertura, domingo (28), presenças ilustres da Profa. Maria Tereza Pereira, Coordenadora Nacional do PROLER, representando também o senhor Galeno Amorim, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Prof. Albino Rubim, secretário de Cultura da Bahia, Profa. Ana Rosa Ramos, do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, Poeta Myriam Fraga, diretora da Fundação Casa de Jorge Amado, Prof. Ubiratan Castro, diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, Maria João e Bruno Amado, netos de Jorge Amado, dentre outros.

O primeiro Comitê do ProLer é o de Vitoria da Conquista na Bahia. Segundo Ubiratan, a principal responsável pela existência do ProLer em Salvador é Rosane Rubim, pois quando ele tomou posse ela lhe procurou falando sobre o projeto, do qual ele não tinha conhecimento até então.

A professora Maria Tereza parabenizou Rosane Rubim, coordenadora do ProLer em Salvador e declarou ter ficado muito feliz com a sua participação neste encontro. Ela pontuou, ainda, a grande diversidade de linguagens em que o ProLer atua, que tem a literatura como mola mestra do projeto, mas também teatro, dança, pintura e outras expressões artísticas. Para ela, as obras de Jorge Amado favorecem as ações do ProLer, pois é muito diversificada. Já o secretário Albino Rubim disse que é necessário valorizar as ações de leitura e escrita, pois o brasileiro passou da cultura oral para a cultura áudio-visual sem se fortalecer na apreensão do mundo através da escrita.

Enquanto Ana Rosa pontuou que viveu, literalmente, a obra amadiana na região de Uruçuca e Ilhéus, onde nasceu e por onde circulou e respirou Jorge Amado, Myriam Fraga disse que a paixão pela literatura brasileira, incluindo Jorge Amado veio depois de leituras de autores estrangeiros. Pelos depoimentos, as duas convergem no sentido de terem tido a sorte da fisgada de Jorge em suas leituras de mundo, em suas experiências de vida, que somam muito ao trabalho acadêmico, no caso de Ana, e na manutenção da memória e acervo amadianos, no caso de Myriam. Em resumo, as falas de todos os palestrantes demonstraram a gratidão e o fio condutor que atrai pessoas de todas as áreas do conhecimento para estudar a vida e a obra de Jorge Amado: a generosidade do escritor.

Para os netos Bruno Amado e Maria João, o avô Jorge era mais que amado. Os dois se divertiam vendo a casa cheia de gente o tempo todo, mas não tinham noção da importância histórica de tudo o que viveram na infância. Bruno se ressente de “não ter oportunidade de estudar Jorge Amado na escola, pois nunca passaram um livro de meu avô”. Maria João teve mais sorte, mas ambos foram leitores privilegiados, pois ouviam as histórias de Jorge antes mesmo de qualquer leitor. O avô-escritor não somente lia, como também pedia opinião dos netos sobre o que escrevia, revelam Bruno e Maria João.

Em meio às várias atividades, o artista plástico Marcos Costa homenageou Jorge Amado com um grande painel desenhado e grafitado no domingo. O evento também teve participação de atores da Cia Cabriola, Companhia de Teatro Infanto Juvenil da BIML, ator Giovane e do Grupo Vocal Dautom.

No domingo a programação foi encerrada com um grande “Arrastão Literário”, com personagens amadianos percorrendo a Praça Almeida Couto (Largo de Nazaré), ao som de pandeiros e bandolins, encenando trechos da obra de Jorge Amado. A programação inteira foi recheada de emoção e de sentimento de brasilidade, de baianidade, com gente de carne e osso circulando, com música, movimento e dança, bem ao modo das estórias de Jorge. Certamente o homenageado merece tamanho calor humano, pois a vida dele foi inteiramente dedicada ao povo, no sentido mais profundo que esta palavra possa expressar.

As homenagens foram concluídas na segunda (29), com as oficinas “As mulheres em Jorge Amado”, “Afrodescendência e religiosidade”, “Mediando Leituras Amadianas” e “Jorge Amado no cinema”.