Walter “S” – um mero poeta. De nome próprio Walter Dos Santos, nasceu em Luanda-Angola, a 03 de Dezembro. Católico Romano, de família modesta e humilde. Fez os seus estudos primários na Escola Defesa Civil, Neves Bendinha e Escolinha da Paz, em Viana. Fez Ciências Sociais e Matemática e Física, no PUNIV da ENPPI, Kapolo 2 e IMNE Marista “Cristo Rei”, em Luanda, respectivamente. Estudante de Economia e Gestão na UCAN, de Literatura na UCB e igualmente frequentando a AIU, na Especialidade de Tecnologias de Informação. Funcionário da Seguradora AAA, exercendo a função de Técnico de Seguros e Pensões. Desde muito cedo apaixonou-se pela Arte da Escrita, tendo escrito o seu primeiro poema, na década de 90. Actor, Dramaturgo, Director e Encenador do Grupo Artístico-Cultural “MULONGI IA MBOTE” desde 2002. Membro da Associação Angolana de Teatro, da Delegação de Teatro de Viana e responsável pelo Projecto Alvorada Teatral, V-NULITRO (VIANA – NÚCLEO LITERÁRIO), bem como Coordenador Actual da CPPJ e Catequista da Paróquia de Nª Sr.ª do Rosário, em Viana. Com uma personalidade complexa e irregular, mas simultaneamente simples e singular. Para si, “Se a vida é um desafio, é um desafio consigo próprio”.
VALDECK: Quando e onde nasceu?
WALTER “S”: Nasci em Luanda - Angola. Numa Quarta-feira de verão, no dia 03 de Dezembro, na época do lendário Diego Maradona.
VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
WALTER “S”: Não, na verdade, nunca saí de Angola. Saio agora, em Dezembro para países da África Austral: Namíbia e África do Sul. O Brasil mesmo só conheço à distância, graças aos Mídias… Mas está para breve a minha visita ao Brasil e outros países da América Latina.
VALDECK: Como você começou a escrever? Por que? Quando foi?
WALTER “S”: Eu comecei a escrever de forma inusitada. Desde muito novo, eu já compunha canções… Entretanto, foi nos finais da década de 90, que comecei a escrever com maior frequência, para os amigos, em troca de dinheiro, na altura (risos). Fazia-me passar por alguém mais velho do Bairro de quem eles pediam “dicas” para paquerar as miúdas. Então, cada dia, eu tinha de ser mais e mais criativo para os não decepcionar.
VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
WALTER “S”: Escrevo desde ficção à realidade. Mas, retrato com maior facilidade a realidade que me cerca, pois considero-me muito observador. As minhas obras são maioritariamente Poesia, Música e Obras Teatrais. O que mais gosto de escrever, acho que é Poesia. Os meus temas, assim como digo no meu futuro livro são “Tudo o que sinto”, desde o amor ao ódio, desde as fantasias às realidades, desde os meus ideais à realidade, desde questões políticas às filosóficas, desde os meus medos e minhas confianças, sobre minha crença em Deus, críticas sociais e coisas engraçadas. Eu escrevo sobre tudo o que posso.
VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
WALTER “S”: Em tudo o que faço, quer nas peças teatrais, quer nos meus textos poéticos, o desafio é comigo mesmo… E tenho dito “O interesse do público deve ser motivado pela obra do artista e não o contrário, afinal, somos nós os formadores de opiniões”. Todavia, não quero com isso dizer que não recebo críticas, pelo contrário, recebo-as com muito agrado.
VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
WALTER “S”: Meus textos nascem inusitados, inspirados pela realidade que me cerca, minhas paixões, por meus sonhos e ilusões. Como disse são inusitados, então eles surgem quando menos espero, quando vejo algo acontecendo e às vezes quando à mente me vem o pensamento, às vezes nascem numa única palavra, às vezes numa brincadeira comigo mesmo ou com amigos, de repente me vejo a compor num post-it, numa sms, no PC e às vezes gravo a minha voz no telefone para não me esquecer… Mas não dispenso, um “retiro” para exortar minha inspiração, pois, a tranquilidade e o silêncio me inspiram de modo especial, às vezes me espanto no meio da noite, sento-me e escrevo, outras vezes, no táxi, vou recitando para mim mesmo, outras vezes escrevo na minha agenda, especialmente quando viajo, outras vezes me ausento “espiritualmente” do meio das pessoas e visito-me, escrevendo ou recitando os poemas ou até exemplificando e projectando a fala e o gesto dos personagens que crio.
VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
WALTER “S”: Na verdade, não tenho uma obra predilecta, mas, gosto de modo especial de algumas, “Desencontro”, uma trama sobre as contendas entre os fazedores de Teatro e “Contundências – O Conflito entre a Ciência e a Religião”, ambas peças Teatrais, um trecho de “Desencontro”: Se é brigando que continuareis a mostrar o vosso amor por mim, não há motivos para continuar a viver, nem tenho porque viver; a vossa empetulância ofusca a beleza do meu ser e magoa o meu coração, este desencontro que manifestais, destrói o pouco de vida que ainda sobrou em mim. E no que diz respeito à Poesia, posso citar um trecho de Solfejando no Vácuo:
“À mercê desta desgraça
Pretéritas crónicas rememoradas
Na apetência de uma cantiga sem melodia
Sem instrumentos musicais
Batuques silenciosos
Mas que se ouvem
Comovem os ouvidos da alma
Pois só estes conseguem ouvir
O solfejar dos calamitosos
Que soluçam no vazio”
VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
WALTER “S”: Quanto a isso, é muito relativo, às vezes fluem-me na mente qual águas jorrando numa cachoeira impetuosa e outras vezes vão pingando feito últimas gotas de uma garrafa de vinho.
VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
WALTER “S”: A obra que demorou mais tempo a escrever foi “Paixão e Segredos”, um romance, talvez porque eu precisava de muita informação para tê-la autêntica e para que atingisse os meus objectivos para com ela.
VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
WALTER “S”: Não. Ainda não concluí a Faculdade, porque na verdade, eu não sei o que quero, acho, porque quero tudo e não quero nada e também por motivos de várias ordens. Também, o ambiente das salas de aula, a forma de leccionar da maior parte dos professores, às vezes me incomodam e não me deixam à vontade. Quanto a seguir ou não carreira na Literatura, eu tenho um “sim” e um “não”, sim, porque é isso que as pessoas chamam e não, porque para mim, um artista, assim como um sacerdote ou um profeta não faz carreira, mas responde a uma vocação, o que é diferente de carreira profissional, portanto, eu não pretendo seguir carreira na Literatura, eu quero mudar o mundo através do que escrevo (sorrisos).
VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
WALTER “S”: Como fonte de inspiração do meu trabalho, não sei. Mas admiro muito os Escritos Sagrados, especialmente os livros de Sabedoria, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Ben Sira e Cantares de Salomão, todavia, gosto muito de Fernando Pessoa, Óscar Ribas, José Saramago, Dan Brown, Alda Lara, Augusto Cury, Pepetela, José Agualusa, Nguimba Ngola e tantos outros.
VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
WALTER “S”: Originalidade.
VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, não gostaria de usar um pseudônimo?
WALTER “S”: Não, eu não uso o nome verdadeiro, para o Teatro, sou conhecido por Diego Dos Santos, para Poesia, sou Walter “S” – Um mero poeta., para a música eu sou Diego Mc, para outros escritos, como contos e ficção, eu sou Wasantu Menga Ma Mbulu/ Walter Abuila.
VALDECK: Como foi a tua infância?
WALTER “S”: A minha, foi vivida em duas fases, uma na zona urbana e outra, numa zona suburbana, Bairro Popular e Grafanil, respectivamente. A princípio, vivi num clima de tranquilidade, com tudo o que precisava, como mata-bicho à mesa, boleia até a escola, miminhos, dinheirinho no bolso para gastar com os colegas, enfim, tudo o que uma criança como eu queria, mas tempos depois de nos mudarmos para o Grafanil, vivi os piores dias da minha vida, mas que acho simultaneamente os melhores momentos, pois aprendi muito e isso formou o meu carácter, aprendi que partilhar é dividir e multiplicar, que Deus não se esquece de quem ama e que as melhores lições da nossa vida são aquelas que aprendemos com lágrimas nos olhos e consolidamo-las enxugando-as com um sorriso no rosto, aprendi a trabalhar a terra, a usar os braços para fazer alguma coisa, a me virar e enfim… Eu passei mal por muitos anos, eu e a minha família, que houve vezes que não tínhamos nada o que comer durante o dia todo, que tínhamos que ir buscar caju, manga na mata ou comer na casa de amigos, já cheguei inclusive a vender quizaca (saca-folha) na rua e outras coisas mais… Mas ainda assim, eu considero uma infância feliz e muito bem vivida e acho que isso também muito motivou a minha veia artística.
VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
WALTER “S”: O trabalho artístico acaba sendo também a minha diversão… O meu tempo é praticamente todo para os outros, para Deus e para a Arte.
VALDECK: Você tem outra actividade, além de escritor?
WALTER “S”: Sim, sou Actor, Professor, Informático e trabalho como Técnico de Seguros, além de outras.
VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
WALTER “S”: Tudo o que faço é com esse propósito, e são várias as mensagens, são mensagens de Amor, de Fé, de Esperança, de Liberdade, de Paz, de Igualdade, Diálogo e Abertura à Leitura cognoscitiva entre correntes opostas e muitas vezes, são mensagens de críticas sociais e do meu Amor pela Vida, pelo meu País (Angola) e pelo Mundo.
VALDECK: Qual sua Religião?
WALTER “S”: Minha Religião é o Cristianismo, professo a fé Católica, sou Catequista e até Líder Paroquial, mas ainda não me considero um “CRISTÃO”, quero e preciso me esforçar para merecer esse nome.
VALDECK: Quais seus planos como escritor?
WALTER “S”: Meus planos, como escritor é que meus escritos sejam conhecidos e atinjam aquilo que espero que eles atinjam, a mudança da nossa sociedade, pois “Ser poeta é poder pelos seus escritos mudar o tempo/ Transformar um segundo num grande momento”, de nada me servirá tê-los publicado por todo o mundo e não sentir a mudança que eles profetizam. Mas, para ser mais pragmático, pretendo ter as minhas obras publicadas em Inglês, Espanhol, Italiano, Francês, Russo e noutras línguas nacionais, bem como fazer essas publicações nos cinco continentes. Pretendo ainda, criar um espaço para promover e incentivar a Literatura lusófona.
(*) Walter “S” – Um mero poeta., é Escritor, Poeta, Actor, Dramaturgo e Director Teatral, Professor formado pelo IMNE Marista. Autor do livro “É Tudo o que Sinto!”. Mais informações sobre ele nas Páginas:
www.omeropoeta.blog.com
www.diegomc.wordpress.com
www.mulongiiambote.wordpress.com
Fonte:
Brasil Wiki