IVONE ALVES SOL É ENTREVISTADA POR VALDECK ALMEIDA DE JESUS
Maria Ivone de Santana Alves Dantas (Ivone Alves Sol) nasceu na fazenda Pancaraí, no município de Santaluz–BA e foi registrada na cidade de Milagres, no mesmo estado, mas se assume como valentense, por ser, o distrito de Santa Rita de Cássia, no município de Valente, lugar onde cresceu, se iniciou como cidadã atuante, e no qual constituiu laços fortes com sua gente e sua origem. Reside em Salvador desde 1990, é poeta por vocação; Membro da Academia de Cultura da Bahia; Membro do Comitê Executivo de Autores da Câmara Bahiana do Livro; Contribui com a Assessoria do Projeto de Literatura Alma Brasileira; É professora do Ensino Fundamental; Locutora, atuou em rádios AM, FM e LM, foi Presidente da ARCOBA (associação de Rádios Comunitárias da Bahia) durante seis anos; tem obras publicadas em 5 Antologias de poesias e contos e é autora Livro SOLvendo Sentidos, lançado em outubro de 2011. Sempre envolvida com as questões relacionadas às suas áreas de atuação, Sol desenvolveu atividades relevantes em sua gestão na ARCOBA, como seminários, palestras, e caminhada pela democratização da comunicação, em parceria com grandes instituições de Salvador. Como poeta e professora, Sol participa de recitais, faz palestras e defende a relevância da poesia no contexto literário, e sua inserção na prática docente. Blogs pessoais:www.recantodasletras.com.br/autores/soldantas, www.sollpoesias.blogspot.com ewww.soldantas.blogspot.com
VALDECK: Quando e onde nasceu?IVONE: Preciso dizer quando? Vai se surpreender quando souber que eu não tenho mais vinte e poucos anos, como pareço (risos). Bem, eu nasci no dia 02 de agosto, de 1970, na Fazenda do Pancaraí. Nasci na residência e sob os cuidados de uma parteira, a Mãe Didi, hoje falecida. Você é a primeira pessoa a quem digo isso numa entrevista.
VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?IVONE: Quem dera! Um dia chego lá, ainda preciso terminar de conhecer a Bahia, o que não me impede de me estender a outros estados ou países enquanto faço isso. Mas já conheço alguns do Nordeste e do Sudeste.
VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?IVONE: Eu comecei a me envolver com poesias na minha adolescência – acho que a maioria das garotas faz isso – mas no meu caso, era muito fluente. Bastava eu estar ou muito alegre ou muito triste para produzir eu belo texto. Entretanto, eu não levava a sério, não me pensava como poeta, sequer tinha contatos com livros de poesias. Hoje eu vejo em meu avô, analfabeto, uma referência para a minha aptidão poética. Ele faz trovas com tudo, é um autodidata. Eu comecei a validar o que escrevo, quando passei a publicar em um site de escritores, há três anos. Hoje, já disponho de mais de mil publicações, sou coautora de cinco antologias e autora do “SOLvendo Sentidos”, lançado em outubro de 2011.
VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?IVONE: Minha essência é poética, mas escrevo outros gêneros, inclusive estou escrevendo um romance. Acho que ficção e realidade compõem os meus escritos, sejam prosa ou em verso. Eu sempre trato de temas vinculados à pluralidade do indivíduo, aos conflitos existencias, mas isso não é uma determinante, o escritor também está sujeito ao momento e às circunstâncias, desde que estes lhe inspirem.
VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
IVONE: Escrevo o que vai fluindo, eu não costumo pensar no que vou escrever e para quem vou escrever. Geralmente a poesia ocorre de forma inusitada, assim como alguns temas que discorro em prosa. Meu compromisso com o leitor é lhe proporcionar um trabalho de qualidade, e respeitá-lo enquanto crítico.
VALDECK: O que mais gosta de escrever?IVONE: Pela quantidade de trabalhos que tenho nesse sentido, sem dúvida, é poesia. Mas também me gosto escrevendo contos e crônicas.
VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente? IVONE: A inspiração vem de tudo e do nada. Quando a Sol poeta se manifesta independe do lugar e momento, embora existam espaços e momentos mais propensos à inspiração, como por do Sol, a madrugada e, no meu caso, o Mar. Eu seria a última pessoa do mundo a manter um ritual, isso seria uma limitação imperdoável (risos).
VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho? IVONE: O livro “SOLvendo Sentidos”, não por ser o meu primeiro livro individual, mas por agregar uma seleção de poemas, que dizem muito de minha essência poética. Posso destacar o “Vento Zonzo”, não pela estética, mas pela forma como me reporto a Deus e pelo impacto que casou em alguns leitores – acho ser uma boa reflexão.
VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?IVONE: A poesia nos ocorre muito naturalmente, por conta disso, não demanda muito tempo. Quanto aos outros gêneros, há uma exigência maior no que tange ao tempo e à elaboração.
VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?IVONE: A obra que está demandando mais tempo é o meu romance. Acho que me cobro demais e, por ser a minha primeira produção do gênero, essas exigências dobram.
VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
IVONE: Estou a concluir o Curso de Letras, e a literatura já faz parte da minha vida. Se não me bastar como “carreira”, será sempre o meu caminho.
VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
IVONE: Não se trata de autossufiência, mas nunca me inspirei em alguém para escrever. Isso não quer dizer que eu não tenha meus favoritos como escritores. Fernando Pessoa, por exemplo, é uma referência para mim. É o poeta com o qual mais me identifico. Também gosto muito do Mário Quintana, da forma como ele se mostra em seus escritos. Saindo um pouco do gênero, trago o Nietzsche, outro autor que aprecio muito.
VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
IVONE: Não sei se dá para precisar o como se escrever bem – acho muito relativo. Mas sem dúvidas, leitura é uma das grandes aliadas da escrita.
VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, por não usa um pseudônimo?
IVONE: Sempre usei. Acho que meu nome é muito grande e cabe todas as minhas tantas (risos).
VALDECK: Como foi a tua infância?IVONE: Ah, minha infância foi maravilhosa! Eu fui criança, de fato. Morava no sítio, dispunha muito espaço para correr, para criar... Tinha minha “casa de pedra”, minhas amigas imaginárias, com as quais eu tinha uma relação muito real. Eu era diferente de minha irmã e minhas primas, fantasiava muito, gostava de ler e inventar histórias, elas me achavam louca, e tinham razão, risos. Mas também joguei muita bola – e fazia gols, risos. Foi uma infância simples, mas muito feliz!VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?IVONE: Eu sempre vivo o que estou e estou em tudo que faço. Divirto-me trabalhando, mas também gosto de investir em diversão paralela, e não dispenso alguns instantes de futilidades.VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?IVONE: Sim. E se trata de um texto diferente de tudo que eu havia escrito: O Casamento Caipira. Compus para uma apresentação junina, sem nenhuma outra pretensão. Mas, resolvi a publicá-lo num site literário e a repercussão foi tão grande que se tornará um livro. Já está em andamento.VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritor?IVONE: Outras, outras, e preciso de outras ainda. Risos. Sou efetiva como professora do Ensino Fundamental, mas desenvolvo atividades periódicas na área de comunicação e literatura.VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?IVONE: Acho que não é bem uma preocupação, mas uma expectativa de que alguém se encontre ou se perca em meus versos. Tenho um exemplo de uma amiga que ao lhe apresentar meu trabalho, antes que eu dissesse alguma coisa, ela interpelou dizendo não gostar de poesias. Insisti que lesse pelo menos um poema, e assim foi feito. Após a leitura ela se descobriu, é uma longa história, não cabe aqui, mas foi muito gratificante. VALDECK: Qual sua Religião?IVONE: Prefiro me ver como agnóstica.
VALDECK: Quais seus planos como escritora?IVONE: Continuar produzindo, publicar meus trabalhos que já estão prontos, e me preparar para uma penetração maior no mercado literário.
(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 13/12/2011