Barroca: livro de Mariana Paiva
Por: Valdeck Almeida de Jesus
Vida passando, pop-ups se abrindo, mostrando restos de sorrisos e de saudades de um amor que partiu.
Na sombra, nas páginas, sobras de melodias que relembram os abraços, os cheiros, os beijos. Tudo se mistura, regado ao sonho despertado por Mabel Veloso, que lhe inspirou o sopro de vida da poesia, da escrita.
A busca por destinos e sentidos esbarra em outdoors vazios, mergulhos num mar de poemas e no pensamento que se repete ao infinito, acelerando em marcha lenta o amor que ultrapassa as pedras do caminho e faz, da rotina, di-verso dia a dia.
Ah, se este homem fosse daqueles que podem tudo, que desvendam enigmas! Certamente ele invadiria tua casa-poesia e se entregaria a ti, ao som das piores músicas, aquelas que desvendam segredos, antes e depois do amor. E não partiria, mais.
Como ele não encontra o caminho de volta, teu refúgio são as músicas e os sonhos, que têm o condão de te transportar a outros sentidos, te fazer impregnar o olhar com uma antevisão do amado, fugidio na distância. Palavras são supérfluas, desnecessárias, pois os silêncios e as páginas em branco dizem mais: em cada espaço, uma poesia, em cada carência, um despertar sensibilidade e meiguice. A alma, no exercício das ausências, se depura...
A tua poesia, tradutora de um amor que caminha pela cidade, vaga e transporta o leitor nesse labirinto de busca e recusa. Afinal, no meio do caminho do teu infinito, tem um coração. E em todos os muros e paredes, o rosto desse amor, impregnado, te faz lembrar que ninguém está só.
Salvador, 18 de julho de 2012
PAIVA, Mariana. Barroca. Salvador: P55 Edições, 2011