Dia do Escritor é lembrado na Bahia com eventos literários
Neste mês de julho de 2012, vi, ouvi e participei de algumas das diversas manifestações artísticas e literárias em comemoração ao Dia do Escritor. Já dia 07/07 fui ao Papo de Escritor, promovido pela UBE-BA e com mediação de Roberto Leal, para ouvir Mariana Paiva, autora do livro “Barroca” e Marcelo de Oliveira Souza, autor dos livros “Conto & Reconto” e “Confissões Poéticas”. Em uma palestra em pleno sábado pela manhã, tive a honra e o prazer de conhecer a poesia de Mariana, que deixou toda a plateia encantada com a história da menina que queria ser escritora, estimulada que foi por Mabel Veloso. Marcelo, por sua vez, demonstrou sua versatilidade e veia artística, falando da trajetória pelos contos, poesias, crônicas etc, um verdadeiro cavaleiro das letras.
No dia 17 de julho, estive de novo envolvido com poesia e literatura, agora no Solar Boa Vista, no Engenho Velho de Brotas. Fui assistir ao evento “Fazer Ficção na Bahia”, onde estavam Állex Leilla (autora de romances, contos e novelas, doutora em Literatura, professora da Universidade Estadual de Feira de Santana, participa da antologia 25 Mulheres que Estão Fazendo a Nova Literatura Brasileira, publicada em 2004 pela Editora Record), Laura Castro (premiada com a bolsa Funarte de criação literária, transformou textos publicados em blog no livro Cabidela: Bloco de Notas, lançado ano passado), Mariana Paiva (também jornalista e mestranda em Cultura e Sociedade, lançou seu primeiro livro, Barroca, de crônicas poéticas, em 2011) e Tom Correia (reconhecido ficcionista, autor de livros como Sob um Céu de Gris Profundo, editado com apoio de edital da Fundação Pedro Calmon, vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia), mediados por Luciene Azevedo, doutora em Literatura Comparada, professora do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, pesquisadora de prosa literária latino-americana a partir dos anos 1990.
Movimentos literários
Dia 20 aconteceu o seminário Movimentos Literários Contemporâneos da Bahia, com os convidados: Círculo de Estudo Pensamento e Ação – CEPA (Germano Machado); Movimento Cultural Artpoesia (José da Boa Morte); Grupo de Ação Cultural da Bahia – GACBA (José Siquara da Rocha); Fala Escritor (Leandro de Assis); Viva a Poesia Viva(Douglas de Almeida); Caruru dos Sete Poetas (João Vanderlei de Moraes Filho);Sarau Bem Black (Nelson Maca); Galinha Pulando (Valdeck Almeida de Jesus); Fundação Òmnira (Roberto Leal); e Pós-lida (James Martins). Foi um show de palestras, explanações, demonstrações de pessoas apaixonadas pelo que faz.
O encontro aconteceu na Biblioteca Pública do Estado da Bahia e lotou a plateia, ávida de conhecer mais um pouco da cena artística da Bahia. Não faltaram debates, discussões e questionamentos sobre as atividades de todos os grupos, bem como os planos para a vida literária do Estado. De parabéns a UBE por reunir amantes da leitura, do livro, da biblioteca e de todo o universo mágico da literatura baiana para traçar novos rumos e percorrer estradas já pavimentadas na busca de profissionalismo.
Wagner Américo – O Poeta das Flores
Dia 23 de julho, no Centro Cultural Plataforma, o Movimento Viva Poesia Viva, capitaneado por Douglas de Almeida, com a apoio do site Galinha Pulando (Valdeck Almeida de Jesus), Marcos Peralta e vários poetas baianos, renderam homenagem ao octogenário Poeta das Flores, Wagner Américo, que entregou a décima milésima flor ao também poeta, artista plástico e ativista cultural Deraldo Lima (Galeria 13), em uma noite regada a poesia, paz e amor.
Centro Cultural Plataforma
Em 25 de julho, Dia Nacional do Escritor, a festa foi no Subúrbio Ferroviário de Salvador. O encontro foi um Bate-papo com o Escritor, que reuniu Valdeck Almeida de Jesus, Antônio Barreto e Antônio Monteiro com estudantes, mediadores de leitura, professores, educadores e gestores de diversas organizações sociais no salão principal do Teatro de Plataforma. O evento, de iniciativa da Biblioteca Comunitária Paulo Freire (SOFIA Centro de Estudos), foi realizado conjuntamente com parceiros locais como o Lar Fabiano de Cristo, a Associação Criança e Família, o Projeto Mais Educação (Escola ACM), a CRE Subúrbio 1 e Grupo de Jovens Liberdade Já. Cerca de 203 pessoas lotaram o teatro. O público presente foi mobilizado pelas organizações promotoras do Bate-papo com o Escritor e por outras organizações como o Projeto Integração, a CCP, o CESMOB e as Escolas Municipais Cristóvão Ferreira, Climério de Oliveira, Machado de Assis e André Rebouças.
Biblioteca Juracy Magalhães Junior - 27 de julho
Valdeck Almeida de Jesus, Carlos Alberto Barreto (escritor, poeta e coordenador do Movimento Cultural ArtPoesia), acompanhados de Vera Passos (representando Emérita de Andrade), discorreram sobre a vida e obra de cada um, recitaram poemas e confraternizaram em um coquetel poético e literário.
Damário Dacruz - 27 de julho
A Fundação Pedro Calmon-FPC realizou, no dia de aniversário de nascimento do falecido poeta soteropolitano Damário Dacruz, o relançamento da obra “Todo Risco”, Casa Pouso da Palavra. No evento, a viúva do poeta, Graça Cruz, João Vanderlei de Moraes Filho (poeta e professor), o diretor da FPC, professor e historiador Ubiratan Castro, Mayrant Gallo (Diretoria do Livro e Leitura), Denisson Padilha (escritor), Marcos Peralta e a trupe das Sete Praças, amigos e familiares, que se encantaram com poesia, fotografias do grande homenageado e um recital poético realizado pelos amantes da poesia, seguido de um coquetel.
Internacionalização
Dia 30 de julho, a partir das 9h, no Goethe-Institut/ICBA fui assistir à conferência “Perspectivas para a Internacionalização da Literatura Baiana”. O evento teve a participação da agente literária alemã, especializada na difusão das literaturas do Brasil, da África Lusófona e da América Latina, Nicole Witt, além de Dolores Manzano, gerente executiva do projeto Brazilian Publishers da Câmara Brasileira do Livro/Apex Brasil. E, representando o Centro Internacional do livro, participou Fábio Lima, coordenador do Programa de Apoio à Tradução, da Fundação Biblioteca Nacional, que falou sobre a política de internacionalização da literatura brasileira.
Para registro, transcrevo aqui, trecho “O Exercício da Solidão”, escrito por Eric Nepomuceno:
"No fundo, é isso: qualquer linha escrita na mais irremediável solidão se justificará para sempre, desde que tenha alma e substância. Desde que seja capaz de levar a um leitor – um único que seja – a vertigem de uma emoção verdadeira. Que seja capaz de merecer o fato de ter violado de uma vez e para sempre a brancura da página. De ter superado o maior de todos os fantasmas do escritor: saber que está condenado à solidão mais eterna e profunda, e que a única maneira de buscar a salvação é mergulhar ainda mais fundo nessa solidão. Saber, enfim, que só poderá sair dela numa trégua fugaz, acompanhado por palavras cujo destino é tão incerto e arriscado como o das mensagens que os náufragos lançam ao mar em garrafas azuis."