Bebel é, sim, um ícone gay!
No domingo, a Revista da TV de O Globo publicou uma matéria afirmando que Bebel – a personagem mais popular de Paraíso Tropical – é também um ícone gay. A matéria gerou polêmica e houve quem discordasse dela. Querem saber do bas-fond?
A Revista da TV compôs a matéria a partir de uma enquete realizada entre personalidades gays formadoras de opinião. Eu, como uma das fontes ouvidas, endossei a tese da repórter: sim, Bebel se tornou um ícone gay depois que ganhou cores de humor, glamour e se afastou da prostituição no calçadão.
A minha opinião deixou alguns homossexuais descontentes a ponto de escreverem cartas de protesto para O Globo e G Magazine, onde mantenho uma coluna mensal. A opinião desses gays deve ser considerada certamente. Mas, sinceramente, acho que eles levaram a sério demais a matéria e, ao fazê-lo, cometeram equívocos.
Bebel não é representante dos gays. Em momento algum a matéria diz que ela representa os homossexuais. O texto diz que a personagem, devido ao humor, ao figurino e, sobretudo, à beleza e ao carisma da atriz que a interpreta (Camila Pitanga), tornou-se um ícone gay. Ícone gay naquele sentido em que Carmen Miranda o é, apesar de sua vida trágica e infeliz. Ícone gay como o é a maquiavélica Jezebel, personagem interpretado pela maravilhosa Bete Davis. Ícone gay naquele sentido em que o são Mae West e sua famosa frase: "Quando sou boa, sou ótima, mas, quando sou má, sou melhor ainda". Bebel é ícone gay da mesma forma que a personagem de Marilyn Monroe em O pecado mora ao lado.
Poderia multiplicar os exemplos de personagens femininos que, a despeito de seu caráter e da moral de suas ações na ficção, tornaram-se, sim, ícones gays, principalmente quando interpretados por estrelas cheias de glamour e carismáticas. Vamos mandar a real: a grande maioria dos homossexuais adora o glamour e costuma cultuar as divas; e só mesmo sendo gay para prestar tanta atenção em novelas e filmes.
E não bastasse o interesse nas divas e mulheres fortes, Bebel é tão minoria e discriminada como muitos homossexuais, entre os quais, os travestis que se prostituem na Avenida Atlântica.
De resto, é preciso lembrar que nem todo homossexual é um homem honesto e de bom caráter e nem todo homem de bom cárter e honesto é homossexual. Eu, por exemplo, conheço uma pá de gays e sapatões desonestos, vis e que são capazes de qualquer coisa para atingir seus objetivos. Vocês não?
Autor: Jean Wyllys