Aplauso-Ópio
A poesia senta e recita
Ouvidos moucos
mãos repousadas
palavras em artilharia
banho de rimas
sonoridades soltas
Ouvidos moucos
olhos absortos
A poesia insiste
a poesia incita
a palavra incerta
a palavra inserta
mãos insensatas
mãos insensíveis
mãos invisíveis
O ritual repete
a poesia resiste
Ao sinal do fim
o aplauso vem
mesmo de quem
nada ouviu...
Auditório médio
tira a poesia do tédio
é o ópio-remédio
A poesia empolga
viaja continentes
e o/a poeta infla
Auditório grande
e o/a poeta incha,
mas a poesia se recolhe,
pois o aplauso-ópio
não é seu destino
01.11.2019
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 22/11/2019