Porto Afetivo
E eu
que não cultivei a rotina
corri alvoraçado
causei fraturas
busquei despenhadeiros
batalhei com leões
furei o olho de deuses
embaralhei desilusões
Eu
que fugi do mar da tranquilidade
rasguei calcanhares
desdenhei de amizades
debochei das armadilhas do amor
resmunguei maldições ao vento
Logo eu
que joguei os diplomas no lixo
cuspi na cara do destino
destruí as surpresas da vida
denunciei a mesmice
Eu
que tanto maldice o dia a dia
fui tão orgulhoso de minha liberdade
Agora procuro refúgio
quero acalento
e apóio minhas esperanças
em uma simples folha de papel
em branco
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 28/11/2020