AO LESTE DE TODA LUZ
Para Valdeck Almeida de Jesus
Irrompe ao leste
tua alma de primavera rebelde,
refúgio de lobos e cordeiros, equilibrados,
onde florescem teus pequeninos deuses
na manjedoura e sonhos.
Do desabraço materno, o que mudou?
O teu achado. Velocino de ouro, pena e escrita.
Não espera do amor mais do que existe
Saudades: deixa para os fazedores de sol.
Fazes seu próprio caminho de roseiral,
recita sem culpas os espíritos distorcidos
que ninguém comporá.
Que é a mesma fome e sede
que adoece e cura até voar.
Ouves as cantigas de rodas
de um reino antigo, humanos a rastejar nos
Jardins de Urânio.
Isso só para os iniciados.
Tens o cheiro suave de um choro sem culpas.
Quer música de corpos e sangue e carne quando chegar!
Banhemo-nos em tuas águas,
letra geométrica natural,
Orvalho sem fonemas e imagens,
vermelho rubro de todos os destinos
e suas ondas a salvar náufragos poetas.
Nós, perdidos na existência, fazemos tua sagração!
levando tudo embora para nos perder e nos achar.
Seremos teu pacto extraído do ocaso,
mistério das luzes,
precipício para se jogar.
Autora: Cristina Leilane Fernandes
Cristina Leilane Fernandes
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 23/02/2021