Valdeck Almeida de Jesus
O poeta da verdade!
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Jornalista mente?
A verdade no jornalismo

Conhecimento é poder. Quem detém o conhecimento, detém o domínio do mundo, em todos os sentidos.

O jornalismo é uma ciência e como tal tem seus métodos. A verdade está impregnada pelas experiências de vida, atrelada aos interesses de quem é proprietário do veículo de comunicação.

No período mítico o mundo era explicado pelo poder do sobrenatural e do extraordinário. Era fácil dominar pela ameaça da ira dos deuses.

À medida que o conhecimento foi sendo socializado pelos métodos filosófico-científicos, iniciados por Tales de Mileto, o controle da “verdade” foi passado para todos os homens.

Na Idade Média a Igreja tentou e conseguiu, em parte, levar o domínio da verdade para dentro de seus corredores, onde estavam os monges estudiosos. Deus passou a centralizar o medo de se discutir “verdades” que somente a Ele eram permitidas. A fé passou a ser o guia, o modelo, o parâmetro. Bastava crer sem contestar. Aquilo que não era compreendido ou que não “devia” ser questionado, era considerado “mistério de Deus”. Aos homens comuns restava aceitar a verdade, que só era revelada para alguns “escolhidos”.

A filosofia sempre foi e continua sendo um perigo aos detentores da verdade (poder). Tanto esta afirmação é verdadeira que muitos pensadores foram perseguidos pela Inquisição.

Para Heráclito o “ser é e não é”, o que leva o homem a questionar a vida. A filosofia desconstrói a explicação do mundo pelo mythus (ficção, imaginário, mentira) e coloca nas mãos – ou nas cabeças – de cada um a responsabilidade para com a forma de ver e interpretar o mundo.

Descartes questiona a tradição, o conhecimento, as crenças. Duvida da existência do mundo, do “eu” e até de Deus. Inicia uma revolução no pensamento e na busca da verdade, sempre fugidia e sempre relativa. Lutero contesta o poder da Igreja e dá início à Reforma. A “verdade” foge, é perseguida, e o mundo toma novas feições, novos significados.

Encontrar a verdade absoluta é uma tarefa impossível, mas certamente as várias formas de se interpretar o mundo dão ao homem maior domínio sobre seu próprio (do homem) destino.

John Locke e David Hume afirmam que os sentidos é que dão a razão. Kant junta as idéias de Locke, Humes e Descartes e conclui que a verdade não é possível de ser atingida.

A busca pela verdade, como se vê, é uma luta insana, interminável. Cada homem possui uma forma peculiar de enxergar o mundo. A visão que o jornalista tem da realidade é impregnada de subjetividade e sofre influência de suas experiências pessoais, sua crenças, filosofia de vida etc.

A fenomenologia explica que não há um lugar no homem (consciência), que vai até o mundo. Antes, o mundo atinge o homem. Uma atitude do homem diante da realidade torna essa mesma realidade (verdade) subjetiva e passível de contestação.

Qual a saída? Como atingir a verdade? Não há saída. A verdade absoluta será sempre uma utopia. A verdade pode ser “verdadeira” durante um tempo, num espaço geográfico, mas poderá se transformar em outra “verdade” em tempo e espaço diferentes.

O poder econômico pode determinar qual é a faceta da realidade que será eleita à condição de “verdade”. Questionar sempre, desconfiar sempre, este é o método para continuar a vida.
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 10/01/2008
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